quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pessoas - Ventilador

Você já ouviu falar nas pessoas-ventilador?
São aquelas pessoas que ficam nas festas, bares e boites olhando
De um lado para o outro
De um lado para outro
De um lado para o outro
Elas não entendem as conversas
Nem prestam atenção
Ficam ventilando
Elas fingem que estão escutando o que você fala
Mas se você faz uma pergunta
Elas respondem com um "HÃ?" de todo o tamanho
De repente parece que o ventilador estraga e elas olham fixamente para um alvo só
Irradiando aquele tufão de vento
Para ver se o alvo sente um friozinho na espinha
Se não sentir, não tem importância: o ventilador continua a rodar
Até a noite acabar.
Festas com pessoas-ventilador têm uma vantagem: ninguém sente calor.

Copiado de um catálogo


Por Lia Brooks

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eu & Ela

Uma noite fresca e gostosa, barzinho com os amigos.
Uma boa cerveja e um bom cigarro, o mundo poderia acabar naquele instante, não precisava de mais nada.
Pessoas bonitas, pessoas estranhas, pessoas exóticas, pessoas comuns. Ali tinha de tudo um pouco, todos riam, bebiam, fumavam, conversavam. Falavam de futebol, meio ambiente, homem, mulher, política, cursos, trabalho e etc.
Eu apenas ventilava, observava as pessoas e seus comportamentos.
Pensava em tudo, pensava em nada. Pensava nele, pensava nela. Não sabia quando o veria novamente, já ela, estaria ali a qualquer momento.
A qualquer momento...
Olho para a porta e a vejo ali, em pé, cumprimentando os amigos. Não senti nada de diferente por dentro, ela era como uma pessoa qualquer. Sentou ao meu lado e ali ficou, fez amizade com meus amigos, todos a adoraram, de fato isso já era esperado. És uma mulher encantadora, simpática, engraçada, cativante.
Fomos embora juntas, fui convidada para conhecer seu apartamento, não neguei, aceitei o convite. Ela falava de suas conquistas, seus sonhos, das festas frequentadas, das pessoas que conheceu, falava de tudo.
Deitadas na cama, bebíamos cerveja e vinho branco ao som de MPB.
Aquelas músicas, aquele efeito do álcool, aquela voz... tudo estava virando uma nostalgia, senti suas mãos percorrendo pelo meu corpo e seus lábios nos meus.
Mais uma vez não sabia o que estava fazendo, havia perdido o meu controle. Ela me beijava e tirava delicadamente minha roupa, eu só conseguia pensar nele.
Senti seu corpo sobre o meu, seus lábios doces percorriam pelo meu corpo, em sua boca estava o meu gosto. Acariciei suas curvas, brinquei com seus seios como se fossem uvas, senti seu gosto, intensamente.
Ela agora dormia em meus braços, eu pensava nele.
Fui até a janela, acendi meu cigarro e fiquei olhando a movimentação da rua. Não dormi.
Eu o desejava mais que tudo, eu queria que ele tivesse me possuído naquela noite. Pedi a quem pudesse me atender que trouxesse aquele que está mexendo com meus nervos, que ele fosse meu por mais um dia, que eu pudesse senti-lo pelo menos uma vez.

É época de morangos Macabéa.
É a hora da estrela.
É o tempo tão esperado.
É o momento de intensidade.

Por May Aoki

domingo, 16 de novembro de 2008

Primeiro Encontro

Muitos foram os convites feito por ele, mas algo sempre a impedia de conhecê-lo. Até então só conversavam pelo msn. Mas finalmente se viram pela primeira vez pessoalmente.
Ela o esperava na Rodoviária, com medo, com esperança, confusa.
Todos os sentimentos tomaram conta de sua mente, calafrios percorriam por todo seu corpo.
Aquilo tudo era uma loucura para ela. Ir pra casa de um estranho em outra cidade, para assistir o show de uma banda.
Ele desceu do carro e foi a sua direção com um sorriso estampado no rosto. Ela não negava a felicidade sorrindo com os olhos brilhando. Eles se cumprimentaram com um abraço e um beijo no rosto, entraram no carro.
Era a primeira vez que estavam se vendo, assuntos aleatórios surgiram no caminho, foram se conhecendo aos poucos. O nervosismo estava estampado nos gestos dela: inquietação das mãos que mexiam sem parar na bolsa e nos cabelos, sorriso bobo em sua face, olhar perdido. Ele estava calmo e tranquilo, dirigia normalmente prestando atenção no trânsito e no que ela falava.
Ele a levou para seu apartamento, sem segundas intenções, apenas precisava terminar seu banho que foi interrompido para buscá-la.
Enquanto ele se arrumava, ela mexia no celular e observava o espaço em que se encontrava.
Ele estava pronto.
Ela estava encantada.
A distância de onde morava era curta ao local do show. Não demoraram muito, tinha dado tempo o suficiente para conversarem sobre família, amigos, músicas, relacionamentos.
Ele dirigia, ela sorria. A chuva caia.
Os carros businavam, pessoas corriam gritando na calçada. Aquilo tudo era uma sinfonia.
Ele a deixou no local para ficar na fila enquanto estacionava o carro, ela aceitou. A fila aumentava no mesmo ritmo da chuva.
Ele chegou sorrindo, com duas latas de cerveja na mão.
Passos lentos, tempo longo. Eles esperavam bebendo, conversando, rindo, observando a movimentação da rua em uma madrugada chuvosa.
Entraram e a banda já estava tocando.
As músicas falavam dela, falavam com ela.
Ela observava a banda, o lugar, o movimento, as pessoas, a situação, e observava principalmente ele, o rapaz tão atencioso e cuidadoso, talvez o homem dos seus sonhos. Estava muito encantada, como se estivesse voltado para os tempos de infância onde tudo era perfeito, onde o príncipe encantado vinha montado em um cavalo branco.
Enquanto ele bebia devagar degustando a bebida, ela engolia no mesmo ritmo de seu nervosismo.
A banda tocando, eles assistindo. Ele todo cuidadoso e preocupado. Ela toda feliz e desastrada.
O show acabou, o local foi esvaziando. Sobrando apenas alguns casais jogados nos sofás aos beijos. Ele a olhou nos olhos e a beijou, um beijo envolvente - inocente, um beijo delicado - quente, um beijo contraditório.
Saíram do local, já estava claro. Desceram a rua rindo e bebendo, entraram no carro e foram para o apartamento. Cuidadoso e cavalheiro sempre.
Ele tinha controle de tudo. Ela tinha controle de nada.
Jogados no divã da sala, falavam coisas aleatórias, coisas bobas. Ela estava cansada. Ele apenas a olhava. Riam o tempo todo... Mas teve o minuto de silêncio, aquele em que nos filmes os casais se olham e se beijam.
Foi o que aconteceu. Ele a beijou.
Se beijavam docemente, aumentando o ritmo aos poucos. As mãos percorriam por todo o corpo, como se estivessem descobrindo um ao outro, descobrindo algo novo, o que de fato era.
As mãos que ainda estavam frias tocavam delicadamente os seios quentes, ambos tremiam como se estivessem em chamas, um vulcão em erupção. Ele sabia exatamente onde e como tocar, ela já não sabia de mais nada.
A boca rodeada de barba era sentida pelos seios que respondiam com arrepios. Foram para o quarto, onde o tesão passou a ser uma espécie de preocupação e respeito, eles não estavam acostumados com isso. Sentados na cama, começaram a conversar sobre a situação em que se encontravam, trocaram de roupa, deitaram um olhando para o outro, ficaram pensativos, acabaram dormindo.
Acordaram, ele levantou e foi se trocar, ela continuou deitada e acabou voltando ao sono.
Ele assistia tv na sala, via alguns clips. Ela acordava novamente, estava tentando descobrir o que estava acontecendo, o que tinha acontecido. Lavou o rosto e foi até a sala, onde ele estava pensativo olhando pra tv e pro nada, a mesa estava preparada, ela foi comer sozinha.
Ele a avisou que o celular havia tocado, ela olhando a chamada perdida viu que era de uma amiga, ele curioso, perguntou quem era. Enquanto ela terminava o café, eles onversavam, olhavam pro nada, olhavam pra tv, se olhavam.
Ele estava cansado. Ela estava perdida.
Enquanto ele falava no telefone com a mãe, ela terminava o café preocupada com as horas. O mesmo nervosismo que a dominou quando chegou, era exatamente o mesmo que a atingia naquele momento.
Ela foi se arrumar, precisava ir embora. Ele foi arrumar a mesa.
Sentada com a bolsa no colo, assistia tv sem prestar muito atenção no que passava.
Ele na cozinha guardava o que estava fora do lugar.
Sempre cuidadoso e preocupado, levou pra ela um copo com água, ambos estavam com olhos de ressaca, boca seca.Ela dava o último reajuste na bolsa, ele se trocava.
Desceram para o estacionamento e entraram, trocaram apenas algumas palavras. Conforme diminuía a distância para chegar na Rodoviária, maior era o frio que ela sentia na barriga. Se despediram com um abraço e beijo no rosto, combinando já outra saída.
Ela caminhava triste, com aperto no coração, como se tivesse deixado algo muito valioso para trás, tudo o que estava sentido era novo, era uma surpresa.
Chegado ao destino, viu uma mensagem em seu celular, era dele, queria saber chegou bem. Ela sorria, sentia por dentro uma felicidade, seus olhos brilhavam.

Ele era exatamente tudo aquilo que ela esperava de um homem.
Ou pelo menos parecia ser.